Egineering

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I

TERRY EAGLETON: UMA APRESENTAÇÃO
INÁ CAMARGO COSTA * MARIA ELISA CEVASCO**

Aluno de Raymond Williams (1921-88) em Cambridge, Terry Eagleton (1943-) é uma das forças motrizes da grande tradição britânica de crítica cultural materialista. Tributária de uma linha de pensamento oposicionista que vincula a produção artística às condições materiais da sociedade, cujos melhores exemplos no século XIX são John Ruskin e especialmente William Morris, essa tradição tem, nos atribulados anos 30 deste século, seu primeiro grande momento de expansão. Esta foi uma década saturada de política, em que o "rumor da História" se fez ouvir com força, abrindo um espaço para a idéia do engajamento no interior da visão da arte como expressão única da genialidade de um indivíduo, predominante tanto no romantismo como no modernismo inglês. É de 1937 a publicação de lllusion and reality de Christopher Caudwell (1907-37), o livro de crítica mais marcante dos "Red Thirties". Nele, seguindo o costume ortodoxo, o jovem crítico tenta forjar uma teoria totalizante da natureza da arte e do desenvolvimento da literatura inglesa, dos primórdios até o século XX. Mergulhado na atmosfera política desses anos decisivos, Caudwell reivindica para a poesia a tarefa de criar o futuro ao articular as idéias e esperanças do presente. Essa valorização de mão única da arte como forma de mudar a realidade alcançará ainda a produção crítica na década de 40, como no Aeschylus and Athens, de George Thomson. É certo que podemos preterir muitas características dessa produção crítica que, no dizer de Raymond Williams, eram mais respostas às urgências da época do que contribuições conscientes aos estudos marxistas na Grã-Bretanha. Mas é deste chão que vem o próprio Williams, "o último entre os grandes intelectuais socialistas e revolucionários nascidos antes do fim da 'Idade da Europa’(1942-1945)”, como disse Cornel West em seu elogio fú-

· Professora do Departamento de Teoria Literária e Literatura...